sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O Facebook e as buscas: essa união pode dar certo?


O Google não foi o primeiro serviço de buscas de páginas na web, mas certamente foi o mais inovador e eficiente - tanto que o próprio serviço se apropriou do nome da marca. Atualmente a gigante de Mountain View detém nada menos do que 66,7% da fatia desse bolo. O Bing, da Microsoft (15,6%) e o decrescente Yahoo! (13%) são os maiores concorrentes [ComScore].
E é nessa festa que o Facebook quer entrar. Com uma base épica de usuários - um pouco mais de 800 milhões, que passam horas a fio na rede -, expertise em segmentação de públicos e com o próprio Google+ tentando invadir o seu terreno, a rede social de Zuckerberg quer dar o contragolpe e criar o seu próprio mecanismo de buscas.
Há algum tempo já se especula sobre esse assunto, mas sem um posicionamento oficial. Em abril, o Facebook contratou um ex-engenheiro de software do Google e uma equipe de 25 pessoas, o que reforçou as expectativas. Finalmente, na última terça-feira (11), em entrevista durante o evento TechCrunch Disrupt, Mark Zuckerberg confirmou que existe essa possibilidade.
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Será? (imagem: Battlemedia)

O CEO explica que o Facebook já lida com uma média de um bilhão de buscas por dia - cerca de um terço em relação ao Google -, mesmo sem atuar nesse mercado. "Pode ser interessante para nós no futuro", disse, após ser provocado pelo entrevistador Mike Arrington.
Não é uma declaração para ser ignorada: embora o jovem executivo esteja enferrujado em linhas de código e programação, sua visão empreendedora continua bem afiada oito anos depois da criação da maior rede social do mundo. Zuckerberg já percebeu que existe uma falha no mercado de buscas que pode ser explorada: os motores atuais não respondem perguntas (ainda), e o que o Facebook quer é buscar entre os contatos do usuário as respostas. Essa integração e a classificação com base em relevância de acordo com os interesses de amigos seriam os diferenciais. Exemplo, de acordo com Mark: "Que lugares de comida japonesa meus amigos foram em Nova York e gostaram?".
Entretanto a Google não chegou até onde está hoje cochilando no ponto. Antes que os boatos sobre a entrada rede de Zuckerberg no ramo de buscas online ganhassem força, o Google já anunciava o seu futuro: os Gráficos de Conhecimento (Knowledge Graphics), totalmente construído sobre as premissas da Web 3.0 (ou semântica). Isso significa que o usuário passaria a ter mais resultados relacionados ao seu universo de interesses: "agora podemos, em determinados momentos, responder uma questão antes que você pergunte", garante a companhia.
  • Eu escrevi, em outra oportunidade, uma breve análise sobre essa formação de filtros de interesses e como isso poderia prejudicar (isso mesmo) o usuário. Veja aqui.
Um outro aspecto a ser considerado é que o Facebook não é mais movido apenas pelo espírito empreendedor e pela curiosidade em conhecer novos mercados: os investidores pós-IPO querem ver o que a rede social pode fazer para turbinar sua lucratividade, e já ficou evidente que as atuais opções não satisfazem - o valor das ações já caiu mais de 50% desde maio, um fracasso sonoro. E um serviço próprio de buscas seria uma mão na roda para uma veiculação ainda mais ampla e segmentada de anúncios.
Mas o próprio Facebook ainda tem muito o que aprender. Ainda é uma tarefa hercúlea encontrar uma determinada publicação de seis meses atrás, por exemplo - embora a timeline tenha sido criada para facilitar isso nas páginas, grupos e perfis.
De um certo ponto de vista, o Facebook está acossado: investidores no calcanhar, uma oportunidade e uma forte concorrência à frente. Cenários desfavoráveis são os melhores para o desenvolvimento de iniciativas empreendedoras, portanto não faltam elementos para que a badalada rede social tome sua fatia nesse bolo.

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