terça-feira, 29 de maio de 2012

Casal cria empresa de entrega de 'caixa surpresa' de produtos eróticos


Casados há seis anos, o técnico de laboratório Alan Cleber Borim e a analista de projetos Vera Meloni, ambos com 32, seguiram à risca uma das principais dicas sobre empreendedorismo dadas por especialistas e decidiram investir naquilo que dá prazer. No caso deles, a área escolhida foi, mais especificamente, a de produtos eróticos. O casal lançou, em abril, um serviço pela internet que envia, pelo correio, uma caixa 'surpresa' com artigos de sex shop, o PepperBox.
Os kits seguem o conceito já difundido no ramo de cosméticos e produtos de beleza, no qual empresas enviam mensalmente aos consumidores que adquirem o serviço amostras de novidades em uma caixinha pelo correio. Dessa forma, a 'surpresa' do que vai vir na caixa é o que instiga a compra do pacote - diferentemente das compras convencionais pela internet, onde o cliente escolhe o que deseja receber.
Alan a Vera apostam no serviço de entrega de produtos eróticos pelo correio e visam atingir público que tem vergonha de ir na sexshop (Foto: Eliezer Sarmento dos Santos/Divulgação)Alan a Vera apostam no serviço de entrega de produtos eróticos pelo correio e visam atingir público que tem vergonha de ir à sexshop (Foto: Eliezer Sarmento dos Santos/Divulgação)
“Na nossa vida particular, a gente sempre teve essa ideia de comprar um brinquedinho novo, uma coisinha diferente. Então, a gente estava buscando uma maneira de ganhar dinheiro com isso”, diz Borim.
A ideia da caixa com os produtos 'surpresa' veio de Vera, em uma conversa descontraída do casal em novembro do ano passado. Isso porque ela já tinha comprado, há algum tempo, a caixa com os produtos de beleza. “A gente pensou no nome no mesmo dia em que teve a ideia e fomos para o computador pesquisar”, revela Vera.
De acordo com Alan, a divulgação do que vem em cada caixa só acontece no final do mês, após a entrega dos kits aos clientes. A intenção é variar bastante todo mês, sempre com algo novo ou diferente.O casal elaborou os moldes do negócio até chegar ao resultado final. São três tipos de caixas: a soft, para os mais comedidos ou iniciantes no mundo de produtos eróticos (com itens como óleos corporais, velas sensuais, preservativos diferentes, cápsulas beijáveis, géis, minivibradores, entre outros), a warm, de nível intermediário (géis que esquentam e esfriam, vibradores, algemas com veludo, máscaras) e a hot (com artigos como chicotes e algemas). Os preços são R$ 69, R$ 100 e R$ 140, respectivamente, para uma entrega única. Mas há pacotes com descontos para assinaturas trimestrais e semestrais. Cada caixinha tem de seis a oito itens.
“Não vamos mandar uma algema para quem está iniciando o uso desses produtos”, explica Alan. Os empresários também buscam enviar livros didáticos ou itens que auxiliem e estimulem o uso dos itens pelo cliente, de forma a fidelizar os compradores.
Caixinha tem de 6 a 8 produtos e é diferenciada por níveis: soft, worm e hot (Foto: Divulgação)
Caixinha tem de 6 a 8 produtos e é diferenciada
por níveis: soft, warm e hot (Foto: Divulgação)
Para receber a caixa, os consumidores precisam fazer um cadastro no próprio site (www.pepperbox.com.br). Inicialmente, os empresários optaram por terceirizar o sistema de pagamentos - dessa forma, para efetuar a compra, o usuário é redirecionado para uma outra página.

O público alvo é, segundo Borim, pessoas que sempre tiveram vontade de usar os artigos de sex shop, mas têm vergonha de ir comprar na loja, além daquelas que já gostam dos produtos e querem estar sempre interadas das novidades.

De forma a evitar constrangimentos, a embalagem que chega pelo correio não tem descrição imagem de produtos eróticos.

Quebrando 'tabus'
O casal criou também um blog com textos e informações para ‘desmistificar’ os artigos eróticos. Para os empreendedores, a ideia é justamente quebrar tabus a respeito do assunto. "Na verdade, eu só tenho um pouco de discrição no meu ambiente de trabalho, pois nem todos têm a cabeça aberta. No ciclo familiar, entre amigos, a gente divulga com orgulho o nosso negócio, estamos quebrando tabus", afirma Vera.

“A gente tem sempre que testar [os produtos] para ver se tudo que está escrito funciona"
Vera Meloni
Segundo os empresários, o foco é tanto para casais hétero como homossexuais. "Na hora do cadastro, o cliente aponta a opção sexual e nós vamos montar a caixinha de acordo com o que ele informou", explica. Apesar de acreditarem, inicialmente, que teriam muitos pedidos de homossexuais, o casal revela que a maioria das primeiras compras tem vindo de mulheres heterossexuais.
Para implantar o negócio, a empresária afirma que tirou muitos conhecimentos de um MBA de gestão empresarial que concluiu no ano passado. “Eu já sabia todos os passos, todo o projeto eu baseei pelo curso”, explica. Ela chegou até a esboçar os primeiros tópicos do plano de negócios - o que, afirma, deve concluir em breve.

Os primeiros pedidos já começaram a chegar. O casal, que vive na capital paulista, diz que já fez uma entrega para o interior de São Paulo e também já recebeu alguns pedidos para o Dia dos Namorados. Por enquanto, a entrega está sendo feita pelo Sedex.

Investimento
O investimento inicial no negócio até agora foi baixo: cerca de R$ 1,5 mil para ações como o desenvolvimento de logos, registro da empresa, compra dos primeiros produtos, adesivos e domínio na internet, por exemplo. O site foi elaborado por Borim mesmo, que trabalha na área de informática.

Por enquanto, a empresa começa pequena e ainda são poucos clientes. A expectativa é aumentar por conta do Dia dos Namorados. A principio, de acordo com Vera, as vendas estão sendo suficientes para cobrir os gastos com o envio e compra dos produtos. “Estamos levando como um plano B (...). Começou bem tímido, mas queremos que o plano B vire o plano A. Estamos buscando informações através de cursos, mais fornecedores”, explica. Por enquanto, ambos continuam trabalhando nos respectivos empregos.

E para garantir a qualidade da mercadoria, os empresários afirmam que buscam bons fornecedores – já participaram até de uma feira do setor credenciados como profissionais do ramo – e, claro, testam os produtos. “A gente tem sempre que testar para ver se tudo que está escrito funciona”, afirma Vera.

Receita identifica 'enxurrada' de importados de má qualidade

O assessor da Secretaria da Receita Federal, Ronaldo Medina, avaliou nesta terça-feira (29) que a crise financeira internacional está gerando acirramento da competição pelos mercados compradores, entre eles o Brasil, o que está resultando em uma "enxurrada" de produtos importados de má qualidade nas aduanas do país.

"Na área de bens de consumo, temos nos ressentido de práticas desleais de comércio com produtos inferiores aos padrões metodológicos do país. Temos uma enxurrada de produtos de má qualidade, que competem com o preço e informação enganosa. Vende-se gato por lebre", declarou ele durante audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.

Por conta deste cenário, o volume de créditos tributários lançados por conta das irregularidades nas chamadas "zonas secundárias" (interior do país e não fronteiras) subiu para R$ 968 milhões no primeiro trimestre deste ano, uma alta de 29% sobre o mesmo período do ano passado (R$ 749 milhões).

Operação 'Maré Vermelha'
Além disso, nos últimos 40 dias, com o início da operação "Maré Vermelha", voltada para irregularidades na importação de produtos, principalmente nos setores têxtil, calçados, brinquedos e eletrônicos, entre outros, foi registrado um crescimento de 658% no número de declarações de importação com indícios de fraude - para as quais se aplica a pena de "perdimento". "Considerando o valor declarado destas mercadorias, que chegam ao país com preços irrisórios, já se atinge o montante de 60 milhões", informou o Fisco. 

Atuação 'complexa'
Segundo o assessor, a atuação do Fisco, nas aduanas, contra as práticas desleais de comércio é "bastante complexa". "Exige inteligência. Buscando aprimorar atuação, governo criou um grupo de inteligência para analisar informações de comércio exterior e detectar práticas desleais junto com o Ministério do Desenvolvimento. Ele se reúne regularmente para avaliar denúncias", afirmou.

Medina acrescentou que também foi firmado um convênio entre a Receita Federal e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) para montar uma "estrutura comum" de atuação contra essas irregularidades no campo metodológico. "Foi implantado no Rio de Janeiro, no mês passado, um centro de gestão de risco aduaneiro. Temos um verdadeiro centro pensante sobre questões de risco aduaneiro", acrescentou ele.

Medidas já adotadas pelo governo
Além destas medidas, o governo brasileiro também intensificou, nos últimos meses, a aprovação de medidas "antidumping", ou seja, que visam combater essa prática desleal de comércio que se caracteriza pela venda, em outros países, de produtos com preço abaixo do praticado no mercado de origem. Também tem subido a proibição de ingresso de produtos no Brasil por "circunvenção" (declaração falsa de origem, para tentar burlar medidas "antidumping").

O governo também tem atuado, nos últimos meses, para desonerar a folha de pagamentos de alguns setores, melhorando as condições de competitividade com outros países, além de conceder mais crédito, com juros menores para investimentos, e privilegiar produtos nacionais nas compras governamentais. No regime automotivo, há um aumento de 30 pontos percentuais para carros importados de fora do Mercosul e México - com o qual foi estabelecido cotas.

Outro fator que também beneficia a competitividade das empresas brasileiras é o aumento da taxa de câmbio, atualmente ao redor de R$ 2 por dólar. Com o dólar mais alto, fruto de medidas do governo e da queda dos juros básicos da economia registrada nos últimos meses, as exportações brasileiras ficam mais baratas e as compras do exterior mais caras.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Crédito para empresários vítimas da seca no NE

O Conselho Monetário Nacional aprovou a resolução 4.075, publicada no "Diário Oficial da União" desta terça-feira (8), que institui uma linha especial de crédito para empreendedores afetados pela seca ou estiagem na área de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a ser operacionalizada com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).

O objetivo da medida é "promover a recuperação ou preservação das atividades de empreendedores afetados pela seca ou estiagem" no Nordeste, em municípios com decretação de situação de emergência ou de estado de calamidade pública pela seca ou estiagem, reconhecida pelo Ministério da Integração Nacional a partir de 1º de dezembro de 2011.

A linha de crédito, de capital de giro associada a investimentos, é destinada a empreendedores individuais, empresas industriais, comerciais e de prestação de serviços, cooperativas de produção, associações e agroindústrias. Cada empresário poderá buscar até R$ 100 mil até 31 de dezembro deste ano, com taxa de juros de 3,5% ao ano. O prazo de pagamento é de até cinco anos, tendo um ano de carência.

Produtores rurais
O CMN também aprovou uma linha de crédito, por meio da resolução 4.076, para produtores rurais do Nordeste, também com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) em municípios com decretação de situação de emergência ou de estado de calamidade pública pelos citados eventos climáticos .

O objetivo é assegurar investimentos que possam, preferencialmente, contribuir para "convivência sustentável" dos produtores no período de seca ou estiagem.

O limite de financiamento também será de até R$ 100 mil por produtor, com taxa de juros de 3,5% ao ano, com prazo de pagamento de até oito anos, sendo três anos de carência. Os recursos poderão ser buscados até 30 de dezembro deste ano.

"Fica vedada a contratação da linha de crédito de que trata esta resolução por agricultores familiares enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), bem como a contratação de financiamento para aquisição de animais isoladamente", informou o CMN.

Agricultores familiares
Também será disponibilizada uma linha de crédito para agricultores familiares enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) afetados pela seca ou estiagem no Nordeste, também com recursos do FNE. A linha foi regulamentada por meio da resolução 4.077 do Conselho Monetário Nacional.

Neste caso, o objetivo é promover investimentos em projetos de convivência com a estiagem ou seca, focado na sustentabilidade dos agroecossistemas, priorizando projetos de infraestrutura hídrica e implantação, ampliação, recuperação ou modernização das demais infraestruturas, inclusive aquelas relacionadas com projetos de produção e serviços agropecuários e não agropecuários, de acordo com a realidade da unidade familiar.

O limite de crédito por produtor será de R$ 2,5 mil até R$ 12 mil, com juros de 1% ao ano e prazo de pagamento de até 10 anos, sendo três anos de carência. A contratação poderá ser feita até 30 de dezembro deste ano. Haverá um bônus de adimplência de 40% sobre cada parcela paga até a data do vencimento. Entretanto, a instituição financeira terá de ser remunerada, o que pode variar de 2% a 6% ao ano.