Após manter por três anos um blog para a venda de produtos usados como "hobby", o casal de empresários Ana Luiza e Tie Lima, 30 e 32 anos, resolveu transformar a brincadeira em lucro. Há cerca de dois meses, está no ar o enjoei.com, página que permite a qualquer internauta colocar à venda um produto que não quer mais usar. A expectativa do empresário é faturar por volta de R$ 3 milhões só neste ano.
“Era impossível atender toda a demanda. Era muita gente querendo vender, para pouca gente para operacionalizar”, explica o Lima. “Era um blog mesmo, com tecnologia e tudo manual até dois meses atrás.”
Com a alta procura, o ex-executivo, que sempre trabalhou com carteira assinada e atuava na área de e-commerce em uma grande empresa, resolveu apostar na ideia. Abandonou o emprego, conseguiu um investidor, profissionalizou a página para que deixasse de ser apenas um blog e colocou o site no ar.
“Eu queria fazer alguma coisa neste ano, estava estudando algumas possibilidades. Eu nem tinha me tocado que dentro da minha casa (...) tinha algo com potencial”, afirma Lima. “Eu saí do emprego e agora estou 100% dedicado ao negócio”.
Blog
Em 2009, o então blog nasceu porque Ana Luiza resolveu se desfazer de metade do que guardava em seu armário após Tie, namorado à época e atual marido, passar a dividir o espaço com ela. Os pertences dos dois não cabiam no móvel. “Para apartar a briga, Ana separou tudo que não usava mais e jogou na sala do apartamento. Ela disse, ‘vê aí para mim se o domínio enjoei.com.br está disponível? Enjoei, vou vender tudo isso pela internet’”, revela o empresário.
Ele conta que o domínio estava disponível e no dia seguinte o blog estava no ar. “Foi um sucesso por três anos”, disse.
Em maio deste ano o empresário resolveu investir no negócio. “Eu pensei, eu tenho um 'bussiness' que eu posso transformar, só basta eu fazer com que ele tenha um aspecto que consiga vender mais por dia, que consiga ter um sistema que mais pessoas possam enviar os seus produtos”.
Lima foi atrás de um sócio que, além de tudo, fosse um mentor para investir, que o ajudasse na parte de empreendedorismo, uma vez que o empresário sempre trabalhou como funcionário. Quem apostou na ideia foi Arnaldo Goldemberg, empreendedor ligado à Endeavor, entidade que trabalha no fomento de pequenos empreendedores.
Produtos
Qualquer produto pode ser anunciado no site, mas as sugestões passam por aprovações. Há de tudo um pouco: roupas, calçados e objetos como óculos, relógios e acessórios. “Percebemos que as pessoas ficam estimuladas a vender pelo que está sendo vendido no próprio site. Quando entra um câmera fotográfica, por exemplo, várias pessoas também enviam produtos semelhantes”, explica.
Para anunciar, o interessado precisa se cadastrar, estipular um preço e descrever o produto – a intenção é fazer essa descrição de forma mais humana e descontraída possível, explica Tie. “A gente conta uma história, fala um pouco mias do produto. A gente quer humanizar esse processo, quer uma correlação com os produtos muito próxima”, diz.
As informações, contudo, são de responsabilidade de quem coloca o produto à venda. “A gente acompanha para ver se está tudo direitinho, se não tem ninguém dando calote em ninguém. Se tem produto quebrado, falsificado”, diz. O site cobra uma taxa de 20% mais R$ 2,15.
Segundo o empresário, a maioria dos "vendedores" chega pela propaganda boca a boca. Recentemente, os empresários também estão fazendo parcerias, como com brechós.
Vendas
Apesar de não revelar qual foi o investimento, Lima afirma que o retorno tem sido maior do que o esperado. Recentemente, Ana também deixou o trabalho para se dedicar 100% à empresa.
“No segundo mês de operação, o negócio já está rodando com o próprio caixa gerado”, disse, acrescentando que já foram registrados picos de 300 pedidos por dia. Das três pessoas iniciais, já são 15 funcionários.
"Ainda é muito cedo para eu dizer qual é minha expectativa de crescimento, mas se eu disser, eu venho crescendo 100%, 200% por mês, mas estou no estágio inicial do negócio."
Com o sucesso, Lima garante que não se arrependeu de ter deixado o emprego para apostar no negócio. “Claro que a vida quando você está trabalhando como empregado tende a ser mais confortável, mas muitas vezes você tem que fazer justamente aquilo que você acredita, que acha que vai trazer resultados para as pessoas."
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