terça-feira, 22 de novembro de 2011

Empresários respondem 10 questões sobre como abrir um negócio próprio

Empresários que já passaram com sucesso pela experiência de abrir e manter seu próprio negócio responderam dez perguntas sobre o tema selecionadas pelo G1, como parte das atividades da Semana Global do Empreendedorismo.

Confira as dicas dos empreendedores Rodrigo Azevedo, criador do Comunique-se; Ismael Akiyama, da companhia de identificação civil e criminal Akyama; Arnaldo Goldemberg, fundador da empresa de tecnologia LAN Designers; e Helio Katanosaka, da empresa de tecnologia da informação Tech4b.

1) Sou empresário do ramo de caldeiras, cujo mercado é muito concorrido no Brasil. O que posso fazer para vencer a concorrência? (Pergunta enviada pelo leitor Paulo Roberto da Silva Lima)
Resposta do Rodrigo: Eu apostaria em buscar diferenciação no produto, serviço, ou mesmo nos dois. Pegue como exemplo um outro segmento muito concorrido, o de aparelhos celulares. Há poucos anos atrás, havia milhares de modelos e gigantes como Nokia. De repente, uma empresa que nunca tinha feito um celular, lança apenas UM modelo e "vence a concorrência", como você mesmo colocou. O celular em questão é o iPhone, que faz basicamente o mesmo que centenas de outros aparelhos já faziam, só que muito melhor. Diferenciação.

2) Olá, estou fazendo pães caseiros recheados. Comecei por uma situação de saúde e por sugestão do meu genro, que adora os pães que eu faço. Todo dia levanto cedo, faço os pães de manhã e saio vendendo à tarde. O problema é que eu não tenho logística boa, faço uma verdadeira maratona atrás de preços para ter algum lucro. Vocês podem por favor me ajudar com alguns conselhos? (Pergunta enviada pela leitora Maria Donizeth)
Resposta do Hélio: Quanto aos fornecedores, seria interessante você negociar com algum fornecedor de matéria-prima (farinha, ovos, fermentos etc etc) para que você pudesse comprar numa escala maior, com preço melhor e com prazo de pagamento. Isso te ajudará na questão do capital de giro, no esforço, tempo e logística de compra matéria-prima, além de garantir a uniformidade da qualidade dos produtos.

Quanto às vendas, você poderia utilizar estratégias como essas: 

a) Venda direta para o consumidor (de forma unitária, ou por encomenda) - você tende a ter um lucro maior por unidade, porém corre o risco de sobrar mercadoria no final do dia.

b) Venda por meio de um estabelecimento (bar, cantina etc) - neste caso o lucro por unidade seria menor, pois parte do lucro iria para o estabelecimento (lembre que você não pode colocar um preço muito alto, correndo o risco de inviabilizar a venda). Você pode, porém, ganhar mais na quantidade vendida.

Quanto ao custo, vale a pena fazer um cálculo de quanto você realmente está gastando para fazer um pão e o preço praticado para vender. No cálculo do custo, além da matéria-prima, deve colocar a remuneração do seu esforço, custos com eletricidade, água, gás e impostos, entre outras coisas.

3) Qualquer pessoa pode ser empreendedora? Ou é preciso ter perfil? (Pergunta do G1)
Resposta do Rodrigo: Essa é uma pergunta polêmica e vou dar minha opinião: precisa sim, ter perfil. Acredito ser um tipo de talento - que você pode aprimorar com o tempo - mas é um talento. Talento é a capacidade que alguém tem de realizar uma tarefa complexa, com um mínimo de esforço. Um pianista talentoso, tocará o piano como se estivesse em um passeio. Uma pessoa sem talento pode aprender a tocar piano? Sim, mas quais as chances de ser bem sucedida nisso?

4) Como saber se você tem perfil empreendedor? (Pergunta do G1)
Resposta do Arnaldo: Se você quer desesperadamente fazer a diferença em algo que você acredita poder fazer a diferença. Se você acha que pode fazer isso por meios éticos que poderão servir de exemplo positivo para outros. Provavelmente você é um empreendedor. Veja o que você faz bem e bote para fazer.

5) O que é preciso avaliar na hora de escolher o ramo de atividade em que se abrirá o negócio? (Pergunta do G1)
Resposta do Ismael: Um plano de negócios com avaliação do mercado, tendências, concorrência, seus diferenciais competitivos e investimentos necessários é o mínimo e fundamental. Aconselho buscar ajuda de programas, do Sebrae entre outros, que ajudam a estruturar planos de negócio.

6) Como conseguir dinheiro para começar o negócio? Devo pegar empréstimos? (Pergunta do G1)
Resposta do Arnaldo: Monte um plano de negócios, um documento. Entenda muito bem as receitas e despesas do negócio. Veja o menor valor possivel necessário para o negocio. Com este número, a criatividade precisa ser utilizada sem limites. Pegue o menor valor possível emprestado. Pegue este dinheiro com amigos e família, que são os primeiros anjos do seu negócio. Observação: não dê sociedade para um funcionários só porque não tem dinheiro para pagar salário. Você vai se arrepender muito em pouco tempo.

7) Como fazer para separar o dinheiro da minha renda do dinheiro da empresa?
(Pergunta do G1)

Resposta do Hélio: As contas da empresa nunca devem ser misturadas com as contas pessoais. Tenha contas bancárias separadas para a pessoa jurídica (empresa) da conta bancária pessoal. Nunca pague uma conta da pessoa física com o dinheiro da conta jurídica e vice-versa. Isto vale para cartão de crédito também.

Uma boa prática é estabelecer uma retirada mínima mensal suficiente para os gastos básicos pessoais. E somente ao final do período contábil, faça a apuração de resultados, verifique se deu lucro, reserve o necessário para investimentos para os próximos anos na empresa, o capital de giro, contingências, e se sobrar, faça uma distribuição de dividendos. Com este dividendo, faça uso na pessoa física. Segure as tentações de compras de roupa, móveis, troca de carros, etc: faça-o somente quando tiver esta distribuição de dividendo.

8) É uma boa ideia colocar a família para trabalhar na minha empresa? (Pergunta do G1)
Resposta do Ismael:Temos grandes exemplos de empresas fami liares de grande sucesso como Grupo Votorantin, Grupo Paraná Investimentos e o Grupo Weg, como também constantemente nos deparamos com empresas enfrentando problemas por situações familiares.
O que podemos observar nas empresas bem sucedidas são as regras estabelecidas e rigorosamente seguidas quanto a participação familiar no negócio. É uma boa ideia, se conseguir ter uma gestão com regras claras.

9) O que é melhor para abrir um negócio próprio? Começar do zero ou comprar uma franquia?
Resposta do Rodrigo: Não tem resposta certa. Eu comecei meu negocio do zero e estou muito feliz com isso. Uma franquia por outro lado, vem "pronta" e vc teoricamente, tem menos riscos, mas paga por isso.

10) Com a crise financeira, agora é um bom momento para abrir o negócio próprio?


Resposta do Arnaldo:Crise e oportunidade sempre andaram e andarão juntas. Meu avô vivia dizendo um ditado : mesmo em um enterro, há pessoas chorando, e há pessoas vendendo lenços e flores.

Empresário orienta empreendedor a buscar dinheiro 'barato'

Quem tem o projeto de abrir um negócio próprio mas não possui capital, deve pensar em formas mais acessíveis de conseguir empréstimo, deixando os bancos como última opção. Esta é a opinião do empresário Gustavo Ziller, um dos criadores da rádio OI FM e fundador da Aorta, empresa desenvolvedora de aplicativos, tecnologia e novas mídias, que participou de chat do G1 sobre empreendedorismo nesta segunda-feira (21).

"Existem hoje vários institutos de acesso a capital", destacou. "Aconselho a sempre ficar atento aos editais do BNDES, da Fiesp, procurar o Sesc, essa é a alternativa de dinheiro mais barato que há, depois dos familiares."

Ziller abriu sua primeira empresa, uma produtora de vídeo, "financiado" por parentes. "Se você conseguir pegar da família, é o dinheiro mais barato que existe. Eu comecei desta forma."

1 - Quando é feito o desenvolvimento de uma nova tecnologia, qual é a melhor forma de inseri-la no mercado? A publicidade pode ser um dos caminhos? (Raul Passos)
Se você está criando algo inovador, a primeira coisa a ser identificada são os focos, as comunidades que estão trabalhando com a mesma coisa que você faz ou com coisas parecidas, para circular essa ideia dentro dessas comunidades. Hoje na web você tem diversos fóruns de discussão em tecnologia, inclusive faculdades de ponta aqui do Brasil, com Unicamp, USP, UFMG, e faculdades de fora, como Stanford, Harvard, têm esse fóruns para essas discussões. Normalmente essas pessoas são o que a gente chama de “antenas”, que pegam isso e divulgam com maior rapidez.

2 - Qual segmento hoje dá mais garantias de dar certo e prosperar? (Estela Gomes)
Se você vai abrir um negócio, a sua pergunta deve ser outra, não qual é o melhor segmento, mas como abrir o melhor negócio para este segmento. Se você começar fazendo esta pergunta, você vai fazer um bom negócio, independentemente de qual segmento seja.

3 - Como conseguir capital para abrir um negócio? (Francisco)
Se você conseguir pegar da família, é o dinheiro mais barato que existe. Eu comecei desta forma. Eu cometi um erro – hoje eu enxergo isso muito bem – que foi fazer isso com muita informalidade. Eu acho que a formalidade deve existir (...); fazer um contrato, prever o retorno deste investimento ou retorno do empréstimo, se for um empréstimo, acho que tem ter um pouquinho mais de formalidade. O dinheiro mais caro é o empréstimo bancário, sem dúvida é o dinheiro mais caro para você começar um negócio, eu não aconselho a você, de cara, entrar num empréstimo bancário. O banco, depois, pode ser um grande parceiro da sua empresa, mas eu acho que depois que você tiver mais capital, mais faturamento para conseguir negociar a melhor taxa. Até isso acontecer, eu acho perigoso você já contrair um empréstimo para financiar o caixa da sua empresa desde o início. O melhor caminho mesmo são os familiares e o que a gente chama de investidores “anjos” – um conceito muito forte no exterior. No Brasil esse conceito ainda é muito novo. Consiste em encontrar pessoas que acreditam no empreendedor, na ideia, no projeto.

4 - Como fazer para lidar com sócios que também são seus amigos? E quando, ao invés de sócios, são subordinados? (Ricardo Prado)
Eu não tenho esse talento de separar amizade, família e negócios – e isso é ruim. Eu tive que trazer pessoas para dentro do time que conseguem fazer este discernimento e nessa hora assumem aquele momento da negociação ou para onde a empresa está indo. Eu não sou a melhor pessoa para fazer isso. Quando você tem essas pessoas que te ajudam, aí você vai em frente, mas é complicado. Tanto que um dos maiores dilemas dos grandes empresários hoje no Brasil é a questão da sucessão.

5 - Quais as melhores opções de empresas de prestação de serviços de olho na Copa de 2014? (Geron)
Não pode pensar só na Copa, não. Tem que pensar na Copa, na Copa das Confederações, que é antes, nas Olimpíadas do Rio, que é em 2016, e como vários estudos estão apontando, você tem que pensar nos próximos dez anos. A “enxurrada” de turistas vai crescer, assim como o consumo das classes C e D. (...) Quando você pensar em prestação de serviços, pensa no básico para o seu consumidor, porque público vai ter para tudo.

6 - Quais os cursos mais importantes para se fazer quando você tem o próprio negócio? (Renato Fenix)
O principal é você, depois de definir o seu negócio, a sua linha, é procurar se aliar com pessoas que já tiveram sucesso naquilo. Ou então, procurar faculdades e cursos de especialistas, MBAs de gestão de negócios. O primeiro caminho é a gestão de negócios. No meu caso, eu sou formado em Publicidade, e tenho especialidade em produção de rádio. O papel que me cabe dentro da sociedade, que é buscar novos negócios e buscar venda comercial, não existe faculdade para isso. Está no sangue ou não está. Aí é o dia a dia mesmo, se aliar com pessoas que conseguem fazer isso de forma melhor. Se o seu negócio é gestão de empresas, operação, cuidar de processo, aí vai precisar correr atrás de uma formação técnica. Existem MBAs e faculdades excelentes no Brasil, que inclusive estão ranqueadas entre as melhores do mundo.

7 – Como posso estruturar uma empresa de consultoria que tem só a mim como funcionário? (Leandro Santos)
Na parte técnica, que é abrir a empresa, é normal como qualquer outra. Uma consultoria você vai abrir como uma fábrica ou um bar. Procure a HTG Contabilidade, para te ajudar juridicamente. Agora, de fazer disso um negócio, realmente é um desafio. Porque no Brasil a gente tende a achar que um consultor é uma pessoa que não está trazendo valor para o seu negócio. Pelo contrário, ele traz muito valor e consegue te apontar caminhos que você não estava pensando antes. Ele pode procurar consultorias da sua área, tentar o modelo de negócios que eles praticam e liga, pede opinião, tenta fazer entrevista, aí talvez encontre um modelo de negócio.

8 – Para ser um bom empresário é necessário ser formado em Administração ou dá para ter outros tipos de conhecimentos em cursos rápidos? (Jéssica)
Hoje empreendedor pode ser artista plástico, músico. Empreender não tem nada a ver com formação, tem a ver com você querer ter seu próprio negócio, querer sustentar esse negócio. Ter ideia todo mundo tem. Ideia é diferente de negócio, de ter empresa e ter um negócio de fato. Se você tem esse talento, vá e tenha o seu negócio.

9 – Quais as possibilidades e dificuldades de abrir um negócio sem capital próprio. Existe um nível máximo tolerável para se usar capital de terceiros na formação da empresa?(Rafael Barbosa)
Vou responder dando alguns exemplos. O fundador da Centauro, cadeia de lojas de artigos esportivos, começou abrindo a primeira loja com US$ 10,5 mil na época. O fundador da Localiza, rede de aluguel de carros, começou alugando sete Fuscas que foram financiados simultaneamente em sete bancos diferentes, para o financiamento ser aprovado. Depende muito. Não existe fórmula de sucesso. No meu caso, eu comecei empreendendo com uma produtora de vídeo, que está no mercado até hoje. A gente se financiou “vendendo” esse sonho para os nossos familiares. Existem hoje vários institutos de acesso a capital. Aconselho a sempre ficar atento aos editais do BNDES, da Fiesp, procurar o Sesc, essa é a alternativa de dinheiro mais barato que há, depois dos familiares.

10 – Como faço para criar um protótipo do meu produto? Existe algum lugar para fazer isso? (Leonardo Nunes)
No nosso caso, que é tecnologia, existem hoje várias ferramentas na web que você consegue criar um protótipo e ver um simulador na sua tela funcionando. Se o seu protótipo é para a indústria naval, aeronáutica, automotiva, você vai precisar se auxiliar com as pessoas que já fizeram isso. Eu acho que esse é um grande caminho: sempre pensar em se apoiar com pessoas que já realizaram. A gente tem a tendência de achar que alguém vai roubar nossa ideia, isso não existe. Hoje o mercado brasileiro está tão maduro em relação a negócios e o empresário hoje tem foco.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

As cinco diferenças entre os vencedores e os perdedores

Indiscutivelmente vivemos em um mundo globalizado. Informações de todos os tipos estão mais acessíveis, estamos conectados a qualquer parte do mundo em minutos, bolsas de valores ascendem e derrubam empresas em poucas horas. E nessa atual conjuntura, tornou-se cada vez mais necessário lidar com problemas, superar obstáculos e resistir à pressão de situações adversas.

É nesse momento que ter uma atitude proativa e por em prática a resiliência, pode fazer a diferença para o sucesso de uma empresa, afirma Rosabeth Moss Kanter, professora de Gestão em Harvard e eleita pelo The Times de Londres uma das "50 mulheres mais poderosas do mundo". Em palestra na ExpoManagement, ela ressaltou em cinco tópicos as principais diferenças que fazem equipes e empresas serem vencedoras ou perdedoras.

1 - Vencer é muito melhor do que perder
"Vencer produz um comportamento melhor, facilita as ações, passa confiança", destaca a professora. Para ela, os líderes devem instigar esse sentimento de vitória, enfatizando as conquistas já realizadas e mostrando que é possível conquistá-las novamente.

2- Vencer requer muito trabalho
"Vencer significa trabalho árduo, disciplina, métricas e profissionalismo", destaca a professora. Ela afirma que as empresas que permanecem no topo são obcecadas pela vitória.
Rosabeth Moss Kanter
Rosabeth Kanter, professora de Gestão em Harvard, mostra algumas situações que
diferenciam as empresas de sucesso das outras (Imagem: Divulgação/HSM Brasil) .

3- Ter uma equipe forte em vez de um talento
Rosabeth explica que as equipes de destaque nem sempre possuem os melhores jogadores, o que elas têm são as melhores equipes. "Não é o talento individual, é o talento coletivo que faz a diferença em equipes vencedoras e empresas vencedoras". A professora de Harvard indica que nos times perdedores, cada um joga por si e não é estimulado à cultura do aprendizado e o trabalho coletivo.

4 - Os vencedores pensam pequeno e pensam grande
"Tudo bem, as metas têm que ser grandes, mas você precisa ter objetivos pequenos, fazer por etapas [...]. Às vezes uma pequenas ideia, uma pequena sugestão pode crescer e fazer um sucesso estrondoso", indica Rosabeth Kanter. Ela destaca o exemplo da IBM que fez um trabalho de resiliência, envolvendo seus funcionários, e passou a atuar em outras áreas da tecnologia por conta da ideia de muitos desses colaboradores. "Essas ideias que emergem podem se tornar importantes e acabar fazendo com que os vencedores continuem vencendo", ressalta.

5 - Saber encarar a derrota
"Os problemas vão acontecer de qualquer lado, as pisadas de bolas, as escorregadas. Até equipes vitoriosas tem defeitos, mas elas enfrentam esse problema com rapidez", afirma Rosabeth. E ela indica que isso acontece nas equipes bem sucedidas pois existe uma comunicação integrada, uma participação maior do grupo e é adotada a resiliência. 

Novos Limites do Simples Nacional

A presidente da República, Dilma Rousseff, sancionou nesta quinta-feira (10), em cerimônia no Palácio do Planalto, o projeto de lei que amplia em 50% os limites de enquadramento do Simples Nacional, conhecido como Supersimples, e que também corrige o limite máximo permitido para a receita bruta anual do empreendedor individual de R$ 36 mil para R$ 60 mil.

Com isso, as empresas poderão faturar mais e permanecer no programa simplificado de pagamento de tributos. O Supersimples reúne seis tributos federais (IRPJ, IPI, PIS/PASEP, Cofins, CSLL e o INSS patronal), além do ICMS estadual e do ISS cobrado pelos municípios.

Mais condições de competir com importados
De acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que estava presente na cerimônia, a aprovação dos novos limites do Simples Nacional pelo Congresso é um "grande passo" para o fortalecimento da pequena empresa brasileira.

"Isso dá mais poder de competição para as empresas brasileiras no confronto que têm hoje com os produtos importados. Significa uma redução de custos para o microempreendedor brasileiro, com mais condições de ser competitivo (...) Estamos falando de um segmento que tem muita dificuldade para pagar tributos, ou contratar escritórios de contabilidade", disse o ministro. 

Para ele, o fortalecimento da pequena empresa é importante para o país, porque estas companhias são a "base da economia brasileira". "A maioria das empresas é pequena e são as que geram mais empregos. O Brasil tem sido um país muito bem sucedido na geração de empregos e a pequena empresa é uma das responsáveis pelo alto nível de empregos", afirmou.

Segundo dados do Ministério da Fazenda, as pequenas e micro empresas representam 77% de todas as companhias intaladas no Brasil. "Com estas condições [correção dos limites], vamos diminuir a faixa de informalidade que ainda existe no país", declarou.

Renúncia fiscal
O projeto representa uma renúncia fiscal (perda de arrecadação) para a União de R$ 4,8 bilhões por ano. As mudanças, promessa de campanha da presidente Dilma Rousseff, foram enviadas ao Congresso Nacional em agosto deste ano. Sem rejeição, acabaram sendo aprovadas pela Câmara no fim de agosto e pelo Senado Federal no começo de outubro.

Com as alterações, que passam a valer somente em 2012, o limite para a receita bruta anual da microempresa passa de R$ 240 mil para R$ 360 mil e o da pequena empresa sobe de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões.

A correção dos limites do Simples Nacional, segundo informações Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), atinge mais de 5,6 milhões de micro e pequenas empresas do país, incluindo 1,7 milhão de empreendedores individuais que integram o regime especial de tributação em atividades como cabeleireiras, manicures, costureiras, carpinteiros, borracheiros, eletricistas e encanadores.

Alterações pela internet, exportações e parcelamento de dívidas
Pelo projeto, o empreendedor individual também poderá alterar, ou até mesmo fechar seu negócio, pela internet e a qualquer momento. O projeto também prevê outras simplificações, como a declaração única, feita por meio do Portal do Empreendedor, onde também poderá prestar informações sobre obrigações trabalhistas e imprimir os respectivos boletos de pagamento.

A nova lei beneficia também traz mudanças para as empresas do Simples Nacional que são exportadoras. Com as alterações, as exportações destas empresas poderão atingir o mesmo valor do faturamento bruto anual no mercado interno sem que isso implique em sua saída do programa.

As empresas do Simples também poderão parcelar, em até 60 meses (parcelamento tradicional), os débitos tributários, o que até agora não era permitido pela Receita Federal. Atualmente, segundo informações do Sebrae, mais de 500 mil empresas do Simples têm dívidas com o governo, estados e municípios.

Ao anunciar o envio do projeto de correção do Simples ao Congresso, em agosto deste ano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a medida também seria importante para combater os efeitos da crise financeira internacional. "Em alguns momentos, [os problemas] se agravam, como estes que estão acontecendo hoje no mundo todo. Em função disso, governo tem procurado fortalecer vários setores da economia brasileira", disse Mantega na ocasião.